Díli, 30 jan (Lusa) - Sem Ramos-Horta e Xanana Gusmão, Timor-Leste "tremia um bocado", porque não há figuras de consenso ou de substituição, defendeu à Lusa o bispo de Baucau, Basílio Nascimento, destacando, por outro lado, a falta de capacidade de ambos para liderar o país.
"Se porventura acontecesse uma desgraça a ambos, o país tremia um bocado, porque neste momento não há uma figura de substituição, que seja de consenso, que seja respeitada pelo país", afirmou Basílio Nascimento à agência Lusa.
Por outro lado, o bispo de Baucau disse também que nem um nem outro -- " o Ramos-Horta um bocado" - têm preparação para levar Timor-Leste "como um país".
"Uma coisa é a liderança de líderes históricos, outra coisa é a administração de um país, penso que aí é o que nos falta", disse, estabelecendo uma relação com a preparação das pessoas.
"Não houve tempo para as pessoas se prepararem, se consciencializarem, cada um foi deitando para a arena política aquilo que cada um julgava que a política era", afirmou.
"Apesar de tudo, há coisas que andam, mais mal que bem, o parlamento funciona, o Governo tropeça muito, mas também vai andando, vai fazendo alguma coisa", mas, prosseguiu, "simplesmente 10 anos depois, as pessoas pensam que já é tempo de ter alguma coisa mais clarificada".
Em relação às eleições presidenciais de 17 de março, o bispo de Baucau afirmou que, se Ramos-Horta não se recandidatar, "a população não se sentirá tranquila".
Segundo o bispo de Baucau, todos os candidatos "têm folha limpa, têm nome", mas ao nível da maturidade e do bom senso que o povo exige "ainda não há fora dele, do Ramos-Horta, quem o assegure".
"Claro que os outros políticos não gostarão de ouvir isto", admite Basílio Nascimento.
Já sobre Xanana Gusmão, "ele impõem-se mais, não como primeiro-ministro, mas como uma figura de referência, uma figura que inspira uma certa confiança", salientou.
O bispo de Baucau disse também esperar eleições tranquilas porque a necessidade de paz é "uma coisa muito profunda".
"Pode ser que eu me engane, mas neste momento a consciência do país em relação à necessidade de paz é uma coisa muito profunda e isto dá-me esperança e confiança de que, talvez ao nível de palavras haverá a feira política, como sempre, mas julgo que no consciente coletivo do país e dos cidadãos há esta recomendação aos políticos para além desta fronteira que não se pode passar", concluiu.
MSE.
Lusa/Fim
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